Ostentando uma altitude média de 750 metros, o Belém já foi até "bom para os pulmões". Isso quando a região era conhecida como "Marco-da-Meia Légua". Antes, era conhecido como Belenzinho, mas por ser uma palavra comprida, foi substituída por Belém, que vinha estampado no ‘Bonde 24’, que servia toda a localidade. Com sua criação oficial no final do século XIX, entretanto, tornou-se um bairro industrial e sua população cresceu rapidamente, devido à chegada dos trabalhadores. Aliás, foi lá que se deu o início da industrialização paulista (fábricas de tecido foram características do bairro.
E no Belenzinho surgiu também um cenáculo de intelectuais, o Minarete, que passou à história da literatura nacional, pelas mãos de Monteiro Lobato. Tratava-se de um chalézinho amarelo na rua 21 de Abril, "uma rua sem calçamento, toda de sebe de pinheiros", conforme descreveu Lobato, que reunia os literatos paulistanos da época. Sua fama como estação climática se espalhou graças às enormes chácaras. Mas mesmo assim o bairro não se desenvolveu por muito tempo. Ficou na calma do repouso, enquanto seus vizinhos já viviam a febre do desenvolvimento. Nos primeiros anos do século 20, algumas tecelagens começaram a se instalar nas imediações. Foi o suficiente para que o progresso chegasse atrasado, mas a passos largos, tanto assim que o número de operários e moradores triplicou.
Em 1911 a história do Belém muda para sempre. É nesse ano que se inicia a construção da Vila Maria Zélia, um projeto idealista e revolucionário para os padrões brasileiros. O industrial Jorge Street construiu a Vila que levou o nome da sua esposa, para abrigar 2.100 operários especializados da empresa Companhia Nacional de Tecidos de Juta. Street foi um dos principais defensores dos direitos dos trabalhadores, e na sua vila os funcionários tinham direito a moradia, educação, saúde, lazer e tudo mais. Resultado: foi progresso espantoso pelos lados do Belém.
A vila foi projetada pelo arquiteto francês Pedaurrieux, baseada nas cidades européias do início do século 19. Na Vila Maria Zélia, havia casas para todos os operários da fábrica. Também hospital, igreja, serviço de assistência social, médica e odontológica e farmacêutica, creche, clube e comércio em forma de cooperativa, tudo regido por normas próprias. Após a desativação da fábrica, a Vila tornou-se um presídio político na ditadura do Estado Novo, entre 1936 e 1937. Em 1938 foi vendida a uma empresa. O bairro foi crescendo, mudando com a capital e assim como ela, se ampliando.
O comércio é grande, mas boa parte das lojas resiste em se adequar aos tempos modernos, por isso muitos dizem que o bairro tem um aspecto de atrasado. Mas isso está mudando, principalmente com os investimentos imobiliários que surgem e também de algumas lojas que começam a se reestruturar para atender a demanda que virá para a região.
Belém em números
Situado na Zona Sudeste abrange os bairros Catumbi, Belenzinho, Chácara do Tatuapé e Quarta Parada
Subprefeitura: Mooca
Estimativa Populacional em 2000: 35.582
Renda média R$ 1.604,41
Estabelecimentos comerciais: 2.035
Indústrias: 633
Comércio: 672
Serviços: 689
Residências Particulares: 13.070
Residentes em Favelas: 1.140
Moradores de Rua: 80
Esperança de vida: Homens, 65,2 em anos; Mulheres, 74,7 em anos
Conhecendo o bairro
Uma das vias mais importantes da Zona Leste é Avenida Celso Garcia, é um dos principais corredores de ligação entre os bairros mais internos ao centro da cidade. Mas quem foi o Celso Garcia? Afonso Celso Garcia da Luz formou-se em Direito pela Faculdade de São Paulo em 1895 e dedicou-se à advocacia e ao jornalismo. Espírito culto e orador de largos recursos, conquistou grande simpatia entre as classes operárias, das quais foi amigo e defensor
Fontes: sites da Prefeitura; Virtua Bairro; Revista IN Portal Cursos
Elaborado por: Marco Barone (barone.noticias@spimovel.com.br)