Se há um bairro na zona leste para o mercado imobiliário que tem uma definição mais abrangente de nichos fortes esse bairro é a Vila Carrão. Mas isso não é um ponto negativo, muito pelo contrário. É visto com uma vantagem extremamente competitiva, pois faz dele um dos locais com maior incidência de interesse de empreendedores e interessados em morar bem na zona leste.
A avenida principal, a Conselheiro Carrão, funciona como uma veia aberta, que mostra bem o progresso e crescimento pelos quais o bairro passou desde sua fundação, há quase cem anos (oficialmente, pois os primeiros registros de terras na região datam do Brasil Colônia, ainda na época dos bandeirantes).
Sem dúvida alguma, o Carrão (como é chamado por seus moradores) puxa o progresso da região, pois é uma das "portas de entrada" da zona leste. O bairro mostra força econômica, cresce e atrai investimentos e novos empreendimentos imobiliários. Fincado em uma das regiões que mais crescem na zona leste, tem o progresso em seu DNA. No passado, era trilha usada por bandeirantes, em busca de ouro e índios para escravizar (bem, a história brasileira tem dessas coisas).
As terras do conselheiro João da Silva Carrão, o "Conselheiro Carrão", deram origem ao bairro e aos seus vizinhos Vila Nova Manchester, Vila Santa Isabel e Jardim Têxtil. O córrego Aricanduva foi o delimitador do nascimento do bairro, que teve início do século 20 (a vila começou a tomar forma e em 1916 e passou a existir oficialmente). Ele foi loteado pelo dentista João Gomes Barreto, que providenciou amplo arruamento da área (ainda hoje é fácil se ver ruas com paralelepípedos na região). Assim, começou a ascensão que fez o bairro de classe média e de operários.
No início, como os seus vizinhos Mooca e Tatuapé (aliás, boa parte dos primeiros moradores eram desses locais), era formado por casas e sobrados (quem tiver curiosidade, pode procurar e ainda encontrar pequenas vilas de sobradinhos). Mas o crescimento veio e, nas décadas de 1960 e 1970, começaram a surgir os primeiros prédios de
apartamentos no Carrão. Da mesma forma que em outros bairros da cidade, a grande maioria dos lançamentos era de dois dormitórios. Com o tempo, mais para os anos 1980 e 1990, as unidades de três dormitórios começaram a ser lançadas até mesmo em razão de uma demanda do bairro.
Conforme o Censo de 2010, o bairro possui cerca de 72 mil moradores (68º maior da cidade), espalhados em uma área de 7,5 km2. A população tem uma renda média de R$ R$ 1.442,70 e um elevado Ìndice de Desenvolvimento Humano (IDH). Ou seja, essa população tinha - e tem - interesse em morar na Vila Carrão e a maior procura é por unidades de dois e três dormitórios. Com as famílias menores, uma tendência nacional, a partir de 2000, houve uma volta às unidades de dois quartos.
Outra frente que o bairro - assim como seus vizinhos - vem apresentando mais recentemente, "fenômeno" percebido a partir dos anos 2010, foi à volta dos
sobrados no Carrão. Em razão do preço do metro quadrado no bairro ser ainda interessante (não muito alto, se comparado ao Tatuapé, por exemplo) e a profusão de terrenos com metragem não maior que a média dos lotes do passado (cerca de 300 metros quadrados), o que se viu foi o crescimento da construção de sobrados de três dormitórios. Tipo de imóvel ainda muito ofertado e procurado no bairro. Esse foi um nicho muito forte e que ainda desperta interesse de pequenos empreendedores locais e compradores. Aliás, em se tratando de investimento, o bairro é de um potencial muito grande exatamente para esse tipo de imóvel. Curioso perceber que, pela força do nome e da tradição da Vila Carrão, muitos lançamentos de condomínios que acontecem em bairros até distantes, têm sido apresentados como sendo "Vila Carrão". Característica mercadológica muito forte na zona sul, mas que começou a ser implantada na zona leste nos últimos anos.
Também chama a atenção à infraestrutura do bairro, o que atrai, sem dúvida, interessados em investir também no comércio da região. A Vila Carrão tem acesso fácil à Marginal do Rio Tietê, o que facilita a saída e entrado bairro, até mesmo por rodovias, com a Dutra e a Ayrton Senna. Sem contar a Radial Leste, via que liga a zona leste ao Centro e às zona oeste e sul. Também está bem perto da zona norte e de Guarulhos (aeroporto).
O bairro possui um comércio forte, principalmente ao largo da Avenida Conselheiro Carrão, e entrou definitivamente na rota das grandes construtoras, com empreendimentos do todos os padrões. O transporte também está entre os melhores da cidade, com acesso a estações de metrô, trem e outros bairros. O Terminal Vila Carrão é o ponto de ligação das áreas centrais com os bairros mais distantes. O que não se vê muito são empreendimentos comerciais, prédios de escritórios, mas isso deve mudar, principalmente com o crescimento econômico do bairro e de toda a zona leste.
Um dos pontos fracos do bairro é o quesito lazer. Não há instrumentos importantes para esse fim. O Clube Escola Vila Manchester é a referência maior, com boas opções e equipamentos de lazer. Curiosidade: há muitos anos, a comunidade de nipo-brasileiros, principalmente os que vieram da província de Okinawa, no Japão, é muito grande no Carrão (não há registros que explicam isso). O Manchester é o ponto de encontro deles. Há esportes específicos dessa comunidade e o Okinawa Festival, realizado anualmente no clube, é um dos maiores eventos promovidos pela colônia japonesa na cidade.
Essa população de imigrantes, de maneira geral, que não é grande em comparação com outros bairros, faz do Carrão o bairro mais paulista da Capital (segundo pesquisa do Ibope, com base no Censo 2010).
Também contribui para isso a pouca migração de moradores do bairro. Quem mora no Carrão dificilmente sai do Carrão. Por isso, as pessoas se conhecem pelo nome e deixam o portão aberto para os vizinhos.
O Carrão passa por processo de grande expansão
imobiliária, com lançamentos de todo os tipos e padrões, com destaque para apartamentos de médio e alto padrões. De acordo com levantamentos feitos no portal ZL Imóvel, a Vila Carrão tem um mercado bem diversificado, com boas ofertas para todos os tipos de imóveis. As casas térreas e os sobrados de dois dormitórios ainda se evidenciam, mas também há grande oferta de apartamentos novos e usados, com destaque também para os de dois e três quartos. Locação também é um nicho forte. Há terrenos à disposição para novos lançamentos, principalmente em razão de imóveis antigos, que devem dar lugar a novos e interessantes empreendimentos.
O mercado no Carrão é pulsante. Há muitos anos, o Carrão não é mais uma passagem para viajantes ou um bairro distante e sem graça. O mercado “descobriu” a região e a transformou em um pedaço muito interessante para morar e investir.
Elaborado por: Marco Barone (barone.noticias@spimovel.com.br)